O isolamento social imposto pela Covid-19 talvez seja a experiência humana mais impactante no presente século. Quem não lembra do filme “O náufrago” em que o ator Tom Hanks cria um boneco, o sr. Wilson, para ter com quem conversar, mesmo que de modo simulado? A vivência da pandemia pode nos auxiliar a compreender referido drama cinematográfico e entender um pouco o sofrimento de se estar isolado de parentes em UTI, ou de sepultar às pressas, sem velório, pessoas queridas ceifadas pela morte. Mas, não só isso: Como deve ser o mundo de autistas e depressivos, cujos sintomas, entre outros, é não se relacionar bem socialmente? Por que algumas pessoas fazem uso de álcool/drogas no enfrentamento de problemas, de doenças ou para tentar fugir justo da solidão? Por que prisioneiros são jogados na “solitária” ou por que algumas sociedades punem ou expulsam um membro através da proibição de se falar com ele?
Na Psicologia, a “Pirâmide de Maslow” apresenta cinco necessidades básicas do homem, sendo que quatro delas exigem relações humanas! No Cristianismo, a Bíblia apresenta Deus como um ser social quando fala da Trindade “Pai, Filho e Espírito Santo”, e que Deus criou a mulher como companheira para o homem quando cita “não é bom que o homem esteja só” (Gên. 2.18). São apenas duas fontes de informação para dizer que o ser humano é um ser social.
Por isso, o apoio de pares no CERENE é uma terapia fundamental, pois o transtorno por uso de álcool/drogas é, em sua essência, um transtorno de relacionamentos humanos. Ironicamente, descobrir o valor de amizades, afetos, proximidade, pode ser visto como “benefício da pandemia”, ao resgatar a importância que temos de uns para com os outros.